domingo, dezembro 31, 2006

A lareira da avó



Almoço em casa da belle-famille para festejar o fim de curso de uma sobrinha e o seu 1º emprego!

Menu:

Entrada - moscatel de Alijó com azeitonas de Elvas e saucisson.

Fondue de fromages especiais para este fim, creio que da Sabóia.

Vinhos brancos e tintos portugueses.

Doces igualmente portugueses.

Só faltou o arroz-doce da avó mas dele falarei mais tarde!

Esta é a lareira que nos aqueceu no almoço deste final de ano!

Não vos cheira a fumo?

Aquele fumo da infância da casa dos nossos avós?

Tempo

O tempo é um velho corvo
de olhos turvos, cinzentos.
Bebe a luz destes dias só dum sorvo
como as corujas o azeite
dos lampadários bentos.

E nós sorrimos,
pássaros mortos
no fundo dum paul
dormimos.

Só lá do alto do poleiro azul
o sol doirado e verde,
o fulvo papagaio
(estou bêbedo de luz,
caio ou não caio?)
nos lembra a dor do tempo que se perde.

Carlos de Oliveira

sábado, dezembro 30, 2006

Dia de alegria

Embora tenha estado tentada a tecer considerações sobre as pavorosas notícias que nos têm chegado nestes últimos dias, decidi-me por uma nota de alegria.
Hoje nasceu uma criança na minha família, do lado materno.
Nasceu no Hospital de Santarém, é um rapaz e chama-se Martim.
Que seja muito feliz e muito amado...

sexta-feira, dezembro 29, 2006

Vila do Conde

" Vila do Conde
espraiada
Entre pinhais, rio e
mar."

José Régio


Vila do Conde mergulhada em dor pelos que vieram morrer, esta manhã, ali, no mar da Nazaré, tão perto da praia, tão longe dos seus!

quinta-feira, dezembro 28, 2006

De boas intenções...



De regresso a casa, vislumbrei a Colegiada batida pelo sol poente! Este foi o canhestro resultado da tentativa de captar aquele instante!

De boas intenções...

quarta-feira, dezembro 27, 2006

Lá fora...cá dentro

Lá fora, do outro lado da praça, o Natal esvai-se no silêncio a tremeluzir das montras.
Cá dentro, sentada de costas para a televisão, de pernas estendidas na direcção das labaredas, interrompo a leitura de "A Louca da Casa" e faço um balanço de dois anos.
Ano um - ano de um não-tempo cheio de nebulosidade, de procura de um sentido, de fuga ao real.
Ano dois - ano de escuridão, de dor, de não aceitação, de cansaço.
Já começou o ano três - como será?

terça-feira, dezembro 26, 2006

Gatanices

Este avental tão "gatanício" foi-me oferecido por uma amiga que detesta bichanos!
Como já tinha esta prenda em casa há uns dias, estreei-a logo no sábado ao jantar.
Fiz massa de robalo com camarão e foi um desatino total!
Todos, mas mesmo todos, queriam chegar ao tacho!
Os do avental e os a sério.
Foi um jantar muito bem sucedido, apesar da confusão!

segunda-feira, dezembro 25, 2006

O Menino ainda não tinha chegado...

Cuidado! O Natal é uma doença contagiosa...


Este é um pormenor de um dos presépios mais bonitos cá da terra!
Não resisti e saí ontem para o ver, ainda não estava pronto mas dá para se ter uma ideia.
À boca da noite terminou o assédio natalício de familiares e amigos:
- Não tem jeito nenhum passarem a noite de Natal os três sozinhos!
E eu:
- Ficamos muito bem! Um filho, um pai e uma mãe... não há vaquinha, nem burrinho mas há três gatas que também desempenham um bom papel!
Foi o Natal com menos figurantes da minha existência mas foi bonito também!

sábado, dezembro 23, 2006

Miguel Torga contista e conquista!



Os gatos são a fingir! Os verdadeiros estavam a dormir em baixo. E foi neste cenário que passámos o 1º serão a lenha.

Bem aconchegada à lareira, acabei de reler o conto "Natal" de Miguel Torga que está nos "Novos Contos da Montanha".

O velho Garrinchas, apesar das dificuldades acabou por ter uma bela consoada.

Além de excelente poeta, Miguel Torga também é um dos bons contistas portugueses.

sexta-feira, dezembro 22, 2006

Ao calor da lareira...

Vivo quase há três anos neste apartamento e ainda não tinha acendido a lareira.
Cansada do barulho do ar condicionado e saudosa dos pés descalços, bem esticados para o quentinho, decidi-me.
Fui à casa grande, enchi dois cestos de lenha, meti-os no carro, trouxe pinhas guardadas há anos, comprei acendalhas, pelo sim, pelo não e, finalmente, voltei a experimentar aquela doce sensação do calor a bater-me na cara, enquanto estendia o braço para um dos livros que ando a ler.
Claro que fui ajudada em toda esta trabalheira de cestos no carro, no elevador e depois em casa e ainda foi preciso mudar a posição de um dos sofás.
Mas valeu a pena!
Será que fui apanhada pelo espírito natalício?

Um dia muito cheio!

Além das compras que tive que fazer, sem sair do bairro, mesmo depois de grande resistência - há sempre crianças a contar com alguns embrulhos e adultos também, diga-se em abono da verdade - acompanhei o meu cara-metade a uma festa de Natal, numas instalações novinhas conseguidas à custa da população, do dinheiro de emigrantes e de algum apoio da Segurança Social, na freguesia dele. Os intervenientes especiais eram crianças de uma creche e homens e mulheres da dita 3ª idade, mas daquela que ainda só tem apoio ao domicílio.
Foi lindo!
Amanhã talvez coloque algumas fotos.
À noite fui à última Assembleia de Freguesia do ano, cá da santa terrinha. Foi um enorme sacrifício porque estava um frio de rachar mas fiz bem. Do lado do público fiz os possíveis por mostrar que o voto do povo não cai em "saco roto" e que é possível acreditarem em quem votaram, independentemente de se encontrararem na oposição. Quem está no poder tem sempre facilidade em fazer passar a mensagem.
Antes, ainda, tive tempo de visitar "O castelo vai nu" e verifiquei que me ofereceram, como Boas Festas, a leitura de "Movimento Perpétuo" de António Gedeão.
Fiz os comentários que quis, mais ou menos desatinados, devido à minha mania de fazer leitura excessivamente global. Por isso não resisto, apesar do adiantado da hora, a transcrever um dos poemas dessa primeira obra do poeta.
Como gosto de todos, escolhi um dos mais pequenos porque a prosa vai alongada.
AMOR
Recorto na dor impressa
nos olhares que se consomem,
o perfil de um outro homem
que em termos de amor se meça.
Tanta semente se perde
em terras siliciosas!
Tantas agulhas rochosas
à beira de um prado verde!
Tanto pão por amassar!
Tanta boca por sorrir!
Oh quem pudesse partir
e um dia ressuscitar!
Com amor para "O Castelo vai nu", apesar de não saber se me visita.
É que, de facto, o meu blog não é um blog local, é mais "generalista".

terça-feira, dezembro 19, 2006

O que poderei dizer hoje? O que poderei mostrar?

Que está um lindo dia, um pouco frio como é natural em Dezembro.
Que neste dia faz dois anos que partiste e nos deixaste arrasados de dor.
Que a tua ausência é uma presença constante.
Que no meio do silêncio mais profundo te escutamos.
Que temos saudades tuas.
Que nos fazes falta.
Que gostaria de ter partido logo a seguir a ti.

Posso mostrar a quem me visita o espectacular "mar" de Minde que me pacifica a alma mesmo quando o vejo apenas em imagem.

sexta-feira, dezembro 15, 2006

Silêncio

À custa de pensar
Julgo falar.
Chego a esperar
Por respostas
Que tardam
Em chegar!
Pois se eu nem cheguei
A perguntar...

quarta-feira, dezembro 13, 2006

Notícias da minha varanda


A orquídea floriu apresentando três belas hastes!
Nem sei como ganhou coragem com este frio, só para vir embelezar a minha varanda.
Em contrapartida, o espanta-espíritos não aguentou tanta ventania, estilhaçou-se e emudeceu, para alívio da vizinhança. Agora estou completamente desprotegida face ao espírito natalício que anda por aí à solta.
Se me virem andar na rua com estrelinhas douradas coladas na testa, guizinhos pendurados nas orelhas e uma coroa de azevinho de plástico, claro, a ornamentar-me a cabeça, já sabem o que aconteceu...

terça-feira, dezembro 12, 2006

30 Anos de Poder Local Democrático

No Pavilhão Atlântico, ali à beira do Tejo, realizaram-se as cerimónias alusivas a uma data importantíssima para a nossa Democracia, 30 anos de Poder Local Democrático.
Discursaram em primeiro lugar os representantes daqueles que, pela sua proximidade às populações, melhor conhecem os seus problemas, as suas necessidades e no fim o Senhor Presidente da República.
Independentemente das assimetrias, de um Portugal a várias velocidades, de conceitos bem diversos daquilo que contribui para o desenvolvimento harmonioso dos munícipios e freguesias é ao Poder Local que cabe uma grande fatia do mérito de termos hoje um País bem diferente, para melhor, daquele que foi o ponto de partida a 12 de Dezembro de 1976.
Contudo, durante todos os discursos, os telemóveis não pararam de tocar, as pessoas não deixaram de tratar dos seus negócios e reuniões à distância e, logo que o Prof. Cavaco Silva terminou a sua intervenção, foi uma debandada geral.
Seguiram-se outros panéis, uns mais interessantes que outros e às tantas tive que ir embora.
Do lado de fora, amontoavam-se todos ou quase todos os que que haviam saído, em amena cavaqueira.
Somos assim!
De facto, temos ainda muito caminho a percorrer em termos de cidadania, de educação e de saber estar!

sábado, dezembro 09, 2006

O belo portal manuelino da Igreja Matriz da Golegã



O Cant´Auris foi cantar à Golegã!

Eis aqui uma perspectiva do belo portal manuelino da sua Igreja Matriz.

A pouca habilidade da fotógrafa deu este resultado: além do portal, três cabeças de jovens coralistas.

quarta-feira, dezembro 06, 2006

A Nina está de volta

Esta é a Nina, mais conhecida por Maluquita, recolhida num estaleiro, faminta, enfezada, pequenina.
Depois de ter vivido no nosso apartamento durante alguns meses, foi passar uns tempos à casa grande, a tal casa onde dificilmente voltarei a morar por não encontrar aí o meu lugar.
Regressou ontem, porque o último sem-abrigo, salvo do motor dum automóvel e lá instalado, de um doce gatinho preto, transformou-se num malvado.
Batia-lhe, não a deixava comer e dificultava-lhe a entrada em casa.
A Nina está de volta e o famigerado Petrus ainda há-de ter saudades dela!

terça-feira, dezembro 05, 2006

Chove

Chove. Que fiz eu da vida?
Fiz o que ela fez de mim...
De pensada, mal vivida...
Triste de quem é assim!

Numa angústia sem remédio
Tenho febre na alma, e, ao ser,
Tenho saudade, entre o tédio,
Só do que nunca quis ter...

Quem eu pudera ter sido,
Que é dele? Entre ódios pequenos
De mim, ´stou de mim partido.
Se ao menos chovesse menos!


Fernando Pessoa ( Inéditos )

sábado, dezembro 02, 2006

O Pai Natal assusta-me!

Moro num 5º andar e mesmo por baixo, no rés-do-chão, há uma loja chinesa cujos proprietários vivem no 2º andar.
Aviso, desde já, que não sou preconceituosa em relação a estrangeiros, qualquer que seja a sua raça, cor, religião, etc. No meu prédio moram, além dos referidos comerciantes chineses, brasileiros, ucranianos, espanhóis, portugueses, brancos, negros e mestiços. Digo isto para não pensarem que me incomoda o comércio chinês.
O que me incomoda, assusta mesmo neste momento é a quantidade de Pais Natal que, nas montras, trepam por escadas, enrolam-se em cordões luminosos, com sacos, com óculos, grandes, pequenos, gorduchos, com um sorriso suspeito, com renas, sem renas...
Como vivo bem alto, tenho o hábito de deixar entreaberta a porta da cozinha que dá para a enorme varanda, quer faça sol, chuva, de noite, de dia e, por isso comecei a cismar com cenários pouco repousantes.
Cenário 1 - Um Pai Natal foge da loja, escala o prédio, entra-me em casa e eu acordo com os seus "hô! hô! hô" à minha cabeceira.
Cenário 2 - Entro em casa e dou com ele, na cozinha, a tentar "fardar" de renas as duas gatas residentes.
Cenário 3 - Estou sentada no sofá da sala, de costas para a entrada, posição totalmente desaconselhada pelo Feng Shui (a arte antiga chinesa de viver em harmonia com o que nos rodeia), pé ante pé ele entra, enrola-me ao pescoço um cordão de luzes e, enquanto tenta sufocar-me, ainda consegue roubar-me os Mon Chéri que restam numa taça colocada à minha frente, gargalhando uns quantos "hô! hô! hô".
Este último cenário é o mais assustador, porque com frio não vivo sem chocolate.
Perante tudo isto, pelo sim, pelo não, vou manter a porta fechada até ao fim das festividades, esperando que o malvado se estatele lá em baixo, se tentar subir até ao 5º andar!

sexta-feira, dezembro 01, 2006

Abriu a época natalícia


Como se faz a abertura da caça, do ano lectivo, do ano judicial, da época balnear, etc, etc, também se faz a da época natalícia.
A data não está, temporalmente, bem definida mas creio poder situá-la quando, nos separadores dos programas de televisão, aparecem estrelinhas com sinos a badalar e quando na publicidade se ouve música alusiva acompanhando o Pai Natal, com o seu cortejo de sugestões de prendas para miúdos e graúdos, desde os mais próximos até aos que se vêem uma vez por ano e ainda quando, da sigla de alguns canais colocada no canto superior esquerdo, saem chuviscos de estrelas.
Mas, decididamente, a 1 de Dezembro o Natal já se instalou nas praças, ruas, montras de todas as localidades com o mínimo de duas ruas e uma praça.
Por aqui, nas cidades deste abençoado concelho, já está instalado um autêntico arraial minhoto, tantos são os arcos, as cores e os motivos, apesar do corte orçamental para esse efeito.
Segundo a minha suspeita opinião, salvam-se as árvores da Praça do Município, o edifício dos Paços do Concelho ( apesar daqueles pinheirinhos pindéricos no telhado) e o contorno luminoso da Colegiada lá em cima, ligeiramente abaixo do Castelo, neste caso, felizmente, quase sempre iluminado todo o ano!