terça-feira, novembro 30, 2010

No 75º Aniversário da Morte de Fernando Pessoa

Uns, com os olhos postos no passado,
Vêem o que não vêem; outros, fitos
Os mesmos olhos no futuro, vêem
O que não pode ver-se.




Por que tão longe ir pôr o que está perto - 
A segurança nossa? Este é o dia,
Esta é a hora, este é o momento, isto
É quem somos, e é tudo.




Perene flui a interminável hora
Que nos confessa nulos. No mesmo hausto
Em que vivemos, morreremos. Colhe
O dia, porque és ele.

In "Odes" de Ricardo Reis

quinta-feira, novembro 25, 2010

Lareira


Na sala silenciosa ergue-se o cheiro da enorme cozinha da avó e, subitamente, o silêncio é estilhaçado pelas gargalhadas que dávamos no pátio! 

terça-feira, novembro 23, 2010

Esclarecimento do enigma

Como iria ficar muito alongado se fizesse um esclarecimento em forma de comentário, optei por um novo post.
Informo mais uma vez que foi a minha amiga Kinkas que me sugeriu o enigma.
Posto isto tenho a dizer que:
O primeiro visitante, AC, foi o máximo, acertou logo na "mouche".
O Rui da Fonte, amante de enigmas, deixou pistas bem visíveis e por mail, costumo usar este recurso com ele quando sou das suas primeiras visitantes e tenho a certeza da resposta, apontou o nome do autor e do conto.
A Isa GT, também habituada a estas "cenas", deixou um ambíguo pp. e a f., sugerindo o nome do conto.
A Goiaba disse que sabia mas não deixou qualquer indício...
A Catarina e a Carol, como era mais do que natural, apontaram para Sophia de Mello.
De facto, as semelhanças de estilo neste pequeno extracto são notórias e induziam em erro...
E agora vamos à solução final, passe a redundância, embora haja soluções provisórias que não vêm ao caso.
O seu autor é Máximo Gorki, pseudónimo de Aleksei Maksmivich Peshokov, e o conto de onde foi retirado o extracto intitula-se "O Jovem Pastor e a Fadazinha".
Este conto e ainda outros dois "O Avô Arkhip e Lionka" e "Na salina" foram editados pela Quasi e distribuídos gratuitamente com um jornal diário num pequeno volume com o título "Três Contos".
Confesso que, tendo embora uma volumosa colecção de 11 tomos da obra de Máximo Gorki, do tomo V que contém 23 dos seus contos não consta esta triologia. Creio que foram publicados por volta de 1908.
Agradeço à Kinkas a sugestão do passatempo e se algum leitor quiser acrescentar algo ou corrigir alguma falha é bem vindo.

sábado, novembro 20, 2010

Desafio literário

Para variar um pouco os meus enigmas e ajudada pela minha amiga Kinkas que não tem blog mas devia ter, deixo-vos com o extracto de uma obra  para identificarem a sua autoria.

      "Na floresta viviam elfos, fadas e velhos gnomos, sábios, que tinham construído sob raízes palácios onde meditavam acerca da vida e de todos os outros assuntos em que convém meditar para se ser sábio.
(...) Era também naquela floresta que habitava a velha rainha das fadas com as suas quatro filhas; a mais jovem era a mais alegre, a mais bela e a mais audaciosa. Era muito pequena e a cabeça delicada, coberta por uma onda de anéis prateados parecia uma flor de lis, amplamente desabrochada.
Percorria a floresta durante dias inteiros; quando se sentia fatigada sentava-se nos ramos de uma velha faia que se erguia perto da orla(...) Era o seu lugar preferido; dali, através da cortina espessa de ramos verdes e perfumados que, como o mar, ondulavam ao menor sopro de vento, via a imensidade infinita de(...)
(...) Sentava-se no alto dos ramos, o vento balançava-os amenamente, e ela cantava, sob a carícia do sol, a felicidade de ser fada e viver numa velha floresta sombria.
      Era amada pelos pássaros, pelas borboletas e por todos os que com ela viviam; era feliz, muito feliz!"

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segunda-feira, novembro 15, 2010

Andorinhas



Todas partiram há muito!
Todas menos estas que ficaram ao abrigo da folhagem da parreira. Mas, aos poucos, as parras foram ganhando aquele tom dourado incandescente que antecede a queda e a parreira está quase nua...
Irão elas aguentar a chuva, o vento, o frio sem partir?

terça-feira, novembro 09, 2010

Nat King Cole - quizás, quizás, quizás (subtitulado)

Porque continua a chover e apetece-me dançar!

segunda-feira, novembro 08, 2010

Aqui dentro...

Aqui dentro ouço o vento soprar e o espanta-espíritos que, pendurado nas traseiras, tilinta sem parar.
Espreitando por qualquer uma das janelas, vejo os ramos das árvores a agitarem-se num enorme desassossego e  as folhas que vão caindo e cobrindo o terraço com um tapete castanho-dourado. A chuva deixou gotas cristalinas nas folhas que ainda resistem.
Sou uma privilegiada!
Não preciso de sair e de sentir na pele este tempo desagradável.
Dele só capto o melhor - o som do vento, o tilintar do espanta-espíritos, o movimento das folhas que tombam e dos ramos que se agitam, o chão a mudar de cor e as gotas transparentes que, trémulas, não sabem se hão-de soltar-se em lágrimas ...

sexta-feira, novembro 05, 2010

À minha Mãe que faria hoje anos...

De há uns tempos para cá, quando me olho ao espelho, não me vejo a mim...vejo-te a ti, minha Mãe!
Se sorrio, tu sorris...
Se não consigo conter as lágrimas, tu choras...
Pois vou deixar de olhar para o espelho quando estiver triste!
É que não te quero ver chorar, minha Mãe!