segunda-feira, abril 29, 2013

Quando os dedos de areia...




Quando os dedos de areia se esboroam,
A dureza da pedra é só memória
Do gesto inacabado.
Azul de céu e verde de alga funda,
Vejo a praia do mundo, fresca e rasa,
E o rosto desenhado.

José Saramago

sexta-feira, abril 26, 2013

Guernica


(da net)


Porque é importante não esquecer!
A 26 de Abril de 1937, Guernica foi bombardeada pela Luftwaffe!

quinta-feira, abril 25, 2013

Abril




Vinhas descendo ao longo das estradas,
Mais leve do que a dança
Como seguindo o sonho que balança
Através das ramagens inspiradas.

E o jardim tremeu,
Pálido de esperança.


Sophia de Mello Breyner Andresen


E o grito vermelho aconteceu numa manhã clara e bela!
Foi há 39 anos!
Não o podemos esquecer!


terça-feira, abril 23, 2013

Dói!



Dói vê-los com sorrisos, abraços, beijos, pancadinhas nas costas como se "isto" fosse uma festa!
Dói saber que 8400 idosos perderam o Complemento Solidário para Idosos (CSI) cujo valor médio rondará os 100 euros!
Dói continuar a assistir a este arremedo de governação!

sábado, abril 20, 2013

Sonhos com asas



Eram longos voos nocturnos, ora rasando as águas do mar, ora roçando as copas dos pinheiros, ora planando nas alturas...
Entre subidas e descidas, o voo terminava quando, abruptamente e em sobressalto, "caía" na cama e acordava.
Há muitos anos que não sinto essa espantosa sensação de voar!

quinta-feira, abril 18, 2013

Castelo de Ourém

As efemérides às vezes dão jeito a quem, como eu, não tem nada de muito agradável para contar.
Assim, como hoje se comemora o Dia Internacional dos Monumentos e Sítios deixo-vos com algumas imagens do "meu" castelo também conhecido  como Paço dos Condes de Ourém! 


(imagem da net)


Uma das entradas da vila medieval...


o pelourinho...


Praça de Sta. Teresa de Ourém...



Um aspecto da Colegiada...

Escadaria com túnel de verdura ao lado da pousada...



Rua florida...



A entrada da Taberna do Castelo, um dos estabelecimentos ao serviço dos visitantes...

Nota: Já  conhecem a superficialidade das minhas postagens mas espero que as imagens vos despertem a vontade de visitar este castelo altaneiro.
A pousada é muito agradável e os crentes têm Fátima a dois passos...
O ideal para o próximo fim de semana!

domingo, abril 14, 2013

Hino dos Mineiros

No Natal recebi este CD como presente de uma sobrinha que faz parte do elenco desta tuna coimbrã!




Uma das músicas cantadas é "Hino Dos Mineiros" e eu fiquei rendida à beleza comovente das suas vozes e do tema em questão que não conhecia! 
Como não têm no Youtube a sua versão ofereço-vos esta que também é linda!



sábado, abril 13, 2013

A Hora da Estrela


No post anterior convida-me a minha amiga Justine do http://quartetodealexandria.blogspot.pt/  a visitarmos a exposição sobre Clarice Lispector que se encontra a decorrer na Fundação Calouste Gulbenkian.
Fica aqui para quem tiver essa oportunidade e estiver interessado a capa da agenda da Fundação que decorre durante este mês e nalguns casos se prolonga durante algum tempo.
A foto escolhida demonstra a importância desta exposição.





"Três décadas e meia após a morte de Clarice Lispector, a Fundação Gulbenkian apresenta a exposição "A Hora da Estrela" com textos, fac-similes, fotografias e documentos pessoais de uma das mais destacadas vozes da literatura brasileira.
Integrada nas comemorações do Ano do Brasil em Portugal, a mostra já foi apresentada em S. Paulo, Rio de Janeiro, Brasília e Bogotá, tendo sido visitada por mais de 700 mil pessoas."

Este pequeno texto encontra-se logo na primeira página da agenda em questão.
A mostra decorre de 5 de Abril a 23 de Junho.
Tal como a minha amiga Justine estou interessadíssima em visitá-la!

quarta-feira, abril 10, 2013

Exposição de Pintura


Numa tarde destas de chuva, como tinha que fazer horas para almoçar com uma amiga na cafetaria da Gulbenkian, tive a oportunidade de visitar uma exposição cujo artista, para vergonha minha, conhecia mal. 
O título da mesma encontra-se na primeira foto bem como o nome próprio do pintor em questão.



Esta mostra centrava-se, uma vez que terminou a 7, sobretudo nas primeiras etapas do percurso artístico de Júlio dos Reis Pereira (1902-1983), destacando-se o trabalho surrealista e expressionista do pintor.
Exposição organizada em parceria entre o CAM - Fundação Calouste Gulbenkian e a Fundação Cupertino de Miranda, em que ambas as instituições são depositárias de um forte núcleo de obras do artista nas suas colecções.





Usa predominantemente cores fortes sobre o fundo escuro e dá um grande relevo à imagem feminina.
Foi colaborador da revista Presença e era também poeta, usando o pseudónimo de Saúl Dias.
Como poeta, contudo, já o conhecia um pouco melhor.
Deixo-vos aqui um seu poema.

Um Poema

Um poema
é a reza dum rosário
imaginário.
Um esquema 
dorido.
Um teorema
que se contradiz.
Uma súplica.
Uma esmola.

Dores, vividas umas, sonhadas outras...
(Inútil destrinçar.)

Um poema
é a pedra duma escola
com palavras a giz
para a gente apagar ou guardar...

Saúl Dias, in "Essência"


Fiquei também a saber que era irmão de José Régio...e fiquei ainda a saber que sei muito pouco!

segunda-feira, abril 08, 2013

Pão de Espelta



Eu sei que há assuntos bem mais interessantes para os meus/minhas pacientes visitantes mas como ando um pouco fugidia e quanto menos escrevo menos me apetece escrever foi este o tema seleccionado.
Há dias houve uma Feira de Produtos da Terra na sede do meu concelho e, entre os vários espaços com produtos expostos para divulgação e venda, encontrava-se uma padaria.
Foi assim que tomei conhecimento da existência deste tipo pão.

Espelta é a origem de todas as variedades de trigo actuais. Trata-se de uma gramínea que não sofreu tantas variações ou "melhoramentos" como o trigo comum, provocando assim menos alergias.
É muito nutritivo, rico em vitaminas E e B, minerais, magnésio, ferro, fósforo e contém 8 aminoácidos essenciais. Ajuda a controlar a prisão de ventre, a obesidade e qualquer outra afecção causada por dietas baixas em fibra.
Provoca melhorias comprovadas em pessoas que consumiam pão de trigo comum e passaram a consumir pão de espelta.
Tem um ligeiro sabor a frutos secos, com aroma suave e agradável.

O texto em itálico colorido foi retirado do folheto distribuído pelo padeiro de serviço.
A foto é da net e foi escolhida porque tenho uma cafeteira e um púcaro iguaizinhos a estes!

quinta-feira, abril 04, 2013

Gatos não morrem jamais...



Gatos não morrem de verdade:
eles apenas se reintegram
no ronronar da eternidade!

Gatos não morrem de facto:
suas almas saem de fininho
atrás de alguma alma de rato:

Gatos não morrem:
sua fictícia morte não passa de...
uma forma mais refinada de preguiça.

Gatos não morrem:
mais preciso, se somem, é dizer que 
foram rasgar sofás no paraíso.

E dormirão lá,
depois do ônus de sete bem vividas vidas,
seus sete merecidos sonos...

Nelson Ascher, in "Parte Alguma"


A Kikas, a nossa gata mais mansa, mais doce e a única que nasceu cá em casa, sem que nada pressentíssemos de estranho nela, em poucos minutos demonstrou que queria partir em busca de um sofá nas nuvens!
Em vão corremos com ela para a veterinária que já nada pode fazer...
Ficámos inconsoláveis e as outras duas, pelo comportamento que têm assumido, também lhe sentem a falta!




terça-feira, abril 02, 2013

Cheias no Tejo

Diz-me o facebook através de vários amigos que hoje é o Dia Internacional do Livro Infantil, além do Dia da Criança Autista mas, embora vá falar de crianças e de um livro específico, não são estes os temas que vou "desenvolver"...
Sempre que há cheias na lezíria me vem ao pensamento  o livro de Soeiro Pereira Gomes, "Esteiros", que era de leitura obrigatória nas aulas de Português, no 7º ano de escolaridade, nos idos anos de 1975/76.
Miúdos e miúdas desta idade já não são concretamente crianças nem este livro pode ser considerado de literatura infantil mas o que é um facto é que o liam com imenso entusiasmo e através dele tomavam conhecimento de uma realidade que desconheciam totalmente.





Soeiro Pereira Gomes retrata nesta obra, publicada em 1941 e classificada como neorrealista,  a duras condições de vida das crianças sujeitas ao trabalho infantil nos telhais, em Alhandra, para poderem sobreviver.
Do grupo de garotos que está no cerne da obra destacam-se o Gaitinhas, o Gineto e o Sagui...entre outros.
O autor escreveu ao fundo da primeira página deste livro a seguinte dedicatória:
"Para os filhos dos homens que nunca foram meninos escrevi este livro"

Agora deixo-vos um pequeno extracto do mesmo:

"As cheias cobriram de água os olhos dos camponeses. Perdidas as margens, o rio fez-se mar - mar de aflições.
Mas ali no Mirante, sobranceiro à casa do Gaitinhas, a gente que veio da cidade, em automóveis, não via angústias, nem olhos rasos de água. Assentou binóculos sobre a lezíria, e as lentes aproximaram telhados de casas submersas, telheiros desmantelados, copas esguias de choupos como dedos de náufrago. Ao longe, dentro da capela bloqueada, a Senhora de Alcamé bradava aos céus.
- Que formidável espectáculo!
- E não querias tu vir...
- As águas subirão mais? - perguntou alguém.
Um homem daqueles sítios disse que sim. - O cabeço de água é só amanhã...
Ia-se a torre cimeira da capela. E o sino calado, impotente...
- Gostava de cá voltar, quando o rio estivesse mais cheio - confessou uma senhora que ouvira a resposta do homem.
O marido discordou. - Não vale a pena. isto é sempre a mesma coisa...
Um bando de patos bravos alvoroçou olhares, formou nuvem que se alongava e sumia na neblina da manhã. No valado, que fora limite de margem e agora era carreiro sem destino, um renque de oliveiras emergia das águas, apenas, as copas glaucas."

Já não são uma tragédia as cheias do Tejo graças ao sistema de barragens que as vai controlando um pouco e, sabedoras com antecedência, da vinda furiosa das águas, as pessoas procuram, dentro do possível, acautelar animais, rações e outros bens mas quem vem de fora olha sempre para as cheias como um espectáculo...

segunda-feira, abril 01, 2013

Abril




Enquanto o sol desponta e a chuva parou de cair em Abril de águas mil, deixo-vos um poema que nos lembra que já entrámos no mês da esperança!

Abril

Brinca a manhã feliz e descuidada, 
como só a manhã pode brincar,
nas curvas longas desta estrada
onde os ciganos passam a cantar.

Abril anda à solta nos pinhais
coroado de rosas e de cio,
e num salto brusco, sem deixar sinais,
rasga o céu azul num assobio.

Surge uma criança de olhos vegetais,
carregados de espanto e de alegria,
e atira pedras às curvas mais distantes
- onde a voz dos ciganos se perdia.


Eugénio de Andrade